DESPESAS E CUSTOS NAS ORGANIZAÇÕES INDUSTRIAIS

 

            Conceitualmente, custo é definido como um conjunto de gastos necessários para a produção ou obtenção de um bem, mercadoria ou serviço, enquanto que despesas são os gastos nos setores administrativo e/ou comercial, necessários para obtenção de receita nas organizações. Dessa forma, as despesas não estão envolvidas no processo de manufatura ou transformação de um produto. Antes de formar preço de venda de um produto, há a premente necessidade de formar o custo de um produto de forma segura, mediante a utilização de critérios justos e uniformes, que espelhem a realidade do chão de fábrica e alcancem aos clientes produtos com a qualidade requerida com preço justo.

            Algumas organizações industriais, por falta de conexão com a realidade competitiva, buscam repassar aos clientes o ônus da sua ineficiência operacional do chão de fábrica, resultado, muitas vezes, de uma gestão industrial pautada pelo improviso.  Falta de planejamento e regras claras, para atribuir senso de urgência e importância aos movimentos de fábrica, têm um preço e deveriam ser tratadas como meras perdas ou despesas e não como custo. Quando tudo é urgente e tudo é importante na fábrica, há uma forte evidência de que o chão de fábrica não funciona, ou seja, nada na empresa de fato é urgente e nada é importante. Há nítida canalização de esforços (salários e encargos) cujo dispêndio normalmente é considerado custo.

            Há acentuadas paradas da linha de produção por falta de matérias primas e por falta de acuracidade ou assertividade dos estoques. Normalmente, a origem da falta de insumos é decorrente da falha de procedimentos simples, tais como revisão da engenharia do produto e/ou a implantação da cultura interna da abertura, fechamento dos processos nas Ordens de Produção e fila de produção. Normalmente, faltas de materiais são atribuídas para o sistema ou E.R.P. que “não funciona”.

            Algumas organizações industriais, além da falta de acuracidade nos estoques, tem altos valores investidos nesta rubrica, normalmente financiados por passivos onerosos. Examinando seus demonstrativos contábeis, percebe-se que a empresa gasta consideráveis somas com encargos financeiros, muitos dos quais decorrentes de insumos que “dormem” nas prateleiras no aguardo de serem consumidos na linha de produção.

Os gastos com salários (inclusive horas extras), proporcionais ao tempo da linha de produção parada, gerencialmente devem ser reconhecidos como despesas e não como custos. Estoques obsoletos, encargos financeiros decorrente de estoque sem giro e um chão de fábrica “travado” são clássicos exemplos de ineficiência. Assim, pode-se refletir: a não conformidade e atrasos por omissões nos procedimentos das Ordens de Produção ou Fabricação, geram valor para o cliente? Ou, ainda, desconexões entre o setor comercial e a produção, a falta de critérios para o senso de urgência e importância e a cultura do improviso agregam valor para empresas industriais?

Professor Claiton José Damke

Docente dos Cursos Superiores

Faculdades Integradas Machado de Assis/FEMA.