Envelhecimento e qualidade de vida: estratégias para enfrentar a demência


Um dos avanços mais significativos das últimas décadas é o aumento da expectativa de vida ao nascer. Com o aumento da longevidade, algumas doenças e transtornos começaram a ser diagnosticados com mais frequência, principalmente os predominantes na população idosa, como a redução das habilidades cognitivas. No Brasil, estima-se que 8,5% da população idosa convive com a demência, de acordo com o Relatório Nacional sobre a Demência, produzido pelo Ministério da Saúde no ano passado. A demência é uma condição clínica progressiva, caracterizada pelo comprometimento cognitivo e pela perda da capacidade funcional além do esperado para as alterações comuns do envelhecimento. A perda cognitiva impacta significativamente a saúde e também afeta as relações interpessoais do paciente. A maioria dos quadros demenciais é causada pela doença de Alzheimer, que está relacionada ao acúmulo de placas amiloides no cérebro, provocando degeneração e morte de neurônios de forma irreversível. O estigma vinculado ao diagnóstico e a crença de que problemas de memória são inerentes ao envelhecimento são fatores que levam ao subdiagnóstico ou à detecção tardia das síndromes demenciais. Alguns fatores que contribuem para o desenvolvimento da demência são modificáveis, como a baixa escolaridade, perda auditiva, hipertensão, diabetes, depressão, inatividade física e isolamento social. Em determinados países desenvolvidos, a prevalência da demência tem diminuído devido a investimentos em ações como aumento da escolaridade, controle de doenças vasculares, redução do sedentarismo e do alcoolismo. Dessa forma, um estilo de vida saudável, com atividade física regular, alimentação balanceada, estímulo ao convívio social e desenvolvimento cognitivo, pode prevenir ou retardar a progressão da doença. Como complemento ao tratamento convencional, a adoção de uma abordagem holística, que considere as necessidades físicas, emocionais e sociais, contribui para o bem-estar de pacientes com demência. Nesse cenário, a incorporação das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) mostra-se promissora. A musicoterapia, por exemplo, é uma prática que contribui para a melhora da cognição e da qualidade de vida, desenvolvendo aspectos como memória, linguagem e atenção. No entanto, é fundamental reconhecer o caráter complementar dessas práticas, que devem ser acompanhadas de tratamento medicamentoso, acompanhamento psiquiátrico e psicológico. Dentro de uma linha de cuidado integral, a associação das PICS representa um caminho possível e humanizado, proporcionando qualidade de vida aos indivíduos afetados. Afinal, o envelhecimento é uma fase que merece ser vivida com dignidade, cuidado, amor e apoio.


Luísa Rossoni - Acadêmica do 7º semestre do Curso de Enfermagem da FEMA

Ana Paula Konzen Riffel - Docente do curso de Enfermagem da FEMA